segunda-feira, 12 de abril de 2010

Férias na Fazenda

Sempre tive contato com animais e com a natureza. Quando tive meus filhos sempre os eduquei para respeitar todo tipo de vida. Morando na cidade, sempre que possível, as férias de julho eram curtidas na fazenda que meus pais tinham, lembram, aquela onde cresci, de onde já contei algumas lembranças de infância.
Lá eles eram liberados para brincar descalços, subir nas árvores, ir no curral ver tirar o leite das vacas, ver um bezerro novo, ver a vacinação do gado, a marcação e até apartação. Mais perto da casa, tinham os animais domésticos, como as galinhas, os patos, perus, porcos, os gatos, cachorros, as pererecas, os pernelongos, enfim, todo tipo de animal que se aventurava a chegar perto de casa.
Nesse tempo de férias, não havia nada programado, não tinham hora para levantar, as brincadeiras eram decididas por eles mesmos. Muito importante era a convivência harmoniosa entre as crianças e adultos. Se era tempo de colher alguma fruta, lá íamos todos colher, se era para rastelar o quintal, todos se envolviam na tarefa com o maior prazer, era tudo muito descontraído, tudo muito solidário.
A vida tinha um sentido muito mais simples e fácil. Fazer pão, hummm.... era divertido, pois minha mãe fazia a massa, deixava crescer, depois ia eu para o cilindro passar a massa para enrolar os pães. Todos queriam ajudar a cilindrar. Fazer o macarrão aos domingos, era esperado com sabor especial. Torrar café, humm... era gostoso desde o momento que começava a soltar a fumaça, aquele cheiro de café é inigualável, tomar desse café é um prazer dos deuses. Imaginem que fazíamos sabão, é sabão de soda, com resto de óleo de cozinha. Doces? esses vocês nem podem imaginar como eram gostosos! Doce de goiaba, esse era a especialidade, junto com o de mamão verde, de manga, de figo, de laranja do mato, de abóbora, de pêssego, até melado, nunca esqueço o sabor do melado feito com a garapa da cana produzida lá mesmo!! Estes doces eram feitos em tacho de cobre, daqueles já bem velhos e pretos de fumaça, por fora, tudo isso no fogão de lenha. As crianças ficavam encarregadas de buscar a lenha. Toda essa agitação era sempre acompanhada por todos. Os passarinhos até se arriscavam a fazer seus ninhos no quartinho do poço, assim era chamado o lugar onde ficava o tanque de lavar roupa, o fogão de torrar café, o moinho de café.
Enquanto, nossos dias eram diluídos nessas tarefas, as crianças levavam os dias envolvidos em brincadeiras embaixo da mangueira, brincando de barro, de fazendinha, de andar a cavalo, etc.
Nesse tempo não percebia o quanto estava alimentando as lembranças de meus filhos de suas infâncias. Era tudo muito natural. Fazia com o maior prazer, sempre tinha um amigo deles para partilhar esses momentos. Sei que muitos desses amigos terão somente essas lembranças de férias. Por isso, penso sempre em viver todas as fases da vida de acordo com as expectativas da época. Sou feliz porque tenho em mente lembranças alegres e de ter proporcionado aos meus filhos esse tipo de lembrança para suas vidas inteiras.

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