sábado, 27 de março de 2010

Lembranças de casa!!

Hoje não sei porque motivo, tive uma lembrança da infância, daquela da cidadezinha que morei quando tinha uns 10 anos, cidade que estava nascendo. Lembro-me perfeitamente, não tinha um metro de calçada, asfalto, nem pensar!
Morávamos numa casa de madeira, nova, pintada a óleo de verde claro por fora, dentro de gelo. Tinhámos 3 quartos, um banheiro... é, um banheiro. Nunca tivemos problemas, tudo era muito bem claro, não podia sair e deixar bagunçado, havia uma disciplina sem protesto. Todos tinham suas obrigações.
Um dia de cada um de bombar água para a caixa, pois a água era depositada num reservatório e, depois para a caixa que distribuia nas torneiras.
Casa de assoalho encerado, lustrado com escovão, fazíamos limpeza "todos" os dias! Na cozinha eram dois fogões, um a gás e outro de lenha, o a gás para emergências. A lenha vinha da fazenda, era guardada num quartinho de despejo coberto, pois a lenha não podia ser molhada. Ah!! o dia que vinha a lenha... era puxado, dia de jogar a lenha da caminhonete para o quintal, do quintal em ordem e arrumada para dentro do quarto de despejo.
Neste quarto era guardada todo tipo de ferramentas e vez, ou outra, uma galinha que escapava da morte, fazia seu ninho e algumas vezes até chocava. Teve uma vez que minha irmã tinha uma patinha de estimação, a Kuti. Essa patinha foi adotada pela galinha que estava vivendo de lucro, como filha. O tempo que a galinha ficava no ninho chocando os ovos, a Kuti ficava ao lado, puxando os ovos para baixo do papo, querendo fazer o mesmo que a "mãe" galinha fazia... era muito bonito ver a ligação das duas! A paciência da galinha com a "filha".
Quando vou lavar roupa, ou melhor, colocar a roupa na máquina, lembro como minha mãe lavava as roupas. Bom, para começar as roupas eram na sua maioria brancas, as de cama, as roupas de baixo, como diziam, havia anáguas, combinação, pijamas, cuecas de tecido, essa roupa era lavada com todo cuidado para manter-se branca como neve. Para isso, tinha que passar por um momento de ficar exposta ao sol, era a hora de coarar a roupa. O coarador era um estaleiro, geralmente, de bambu coberto com uma forragem verde. Não podia deixar a roupa secar, tinha que ser molhada para o sol tirar as manchas e clarea-las... Depois de prontas, a última água era com anil, um corante que dava uma tonalidade azul nesse branco de doer os olhos!
Sempre falo que roupa no varal é um espetáculo, que estender roupa é uma arte, podem rir, mas acho lindo roupas no varal ao vento.
Ir para a escola que era longe, nem se pensava que o pai ou a mãe poderia nos levar, nunca nos chamaram de manhã para ir à escola. Estivesse frio ou calor, era rotina e nem se pensava em engabelar, gostávamos de ir para a escola, um colégio público. Na volta, a turma vinha brincando, vez ou outra pegávamos carona com as carroças que passavam, foi uma época de muita alegria e pureza. Meus pais não tinham tempo e nem conhecimento para acompanhar nossos estudos, não tinha essa de saber se tinha tarefa, nossa obrigação era ir bem e passar de ano.
Hoje quando vejo que vivi, passei por tudo, fico feliz, dou graças a Deus em ter vivido esse tempo.
Minhas lembranças alimentam meu hoje, tenho certeza que irão me alimentar por mais tempo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Companhia

Depois de muito tempo afastada do blog, por motivos que não dependiam de mim... estou com muita vontade de por os assuntos em dia.
Primeiro, nesse tempo passei por momentos de reflexão, de alegria, de decepção, de novas descobertas, de aprendizagem...
O ano passado foi um ano de muitas alegrias, me senti livre e foi um ano que considero como marco de uma nova pessoa. Valeu as experiências que vivi, aprendi e sou mais segura, sem medo do desconhecido, sei dos cuidados que devo ter para não sofrer.
Estou tentando ser produtiva como estava, concordo com os poetas que dizem que o Amor é que move o mundo, esse amor pode ser de várias formas.
Com os "novos moradores" estou curtindo de parceria o amor maternal, ao mesmo tempo, o amor filial também está em alta, sinto meus filhos mais presentes em minha vida. Agora que estão adultos, seguindo, cada um seu caminho. Sinto-me como importante coadjuvante nessa caminhada, isto preenche uma lacuna importante, não me sinto tão sozinha. Mesmo assim, sinto que temos que ter uma companhia que preencha os momentos de solidão, momentos de escuridão, de silêncio, de sinceridade, momentos de abertura da alma, de troca de confidências, de cumplicidade e companheirismo... com uma pessoa que lhe faça bem.

sábado, 20 de março de 2010

Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira! (Cecília Meireles)

Está chegando o dia de meu aniversário... ai...ai... até que gosto de festa, mas quando começa a subir o número de velinhas... ai...ai... estou ficando preocupada. O tempo passa, deixando suas
marcas.

Marcas de expressão, marcas de sol, marcas de lembranças boas e ruins, marcas que muitas vezes não queremos lembrar. Não posso reclamar desse tempo vivido, posso dizer que tudo valeu a pena ser vivido. Aprendi muita coisa, sei que devo ter sabedoria para usufruir dessa aprendizagem.

Hoje sou uma pessoa de bem com a vida, não brigo com as fases da vida, com as intempéries naturais que passamos. Encaro tudo de maneira normal buscando entender suas causas e tirar proveito dessas novidades.

Assim, com mais um ano de vida, tenho que tirar proveito e viver melhor que o ano anterior. Vou atrás de meus sonhos e projetos, que não fico sem viver, sem objetivos, assim me sinto viva. Tenho por princípio que tudo que somos e temos, começam com sonhos, planos e ações. Sem medo de mudanças e do desconhecido.


"Aprendi com a primavera a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira", frase de Cecília Meireles, retrata bem o que penso sobre os anos vividos, aprendi a tirar proveito de tudo que vivo, sinto que estou cada dia mais forte, como se realmente esse tempo renovasse minhas energias e sabedoria, sinto-me inteira e consciente do que me espera.

Quanto a festejar essa data penso que este ano estou mais para curtir em casa com meus filhos e amigos sem nenhuma cerimônia, tudo na simplicidade, na certeza de haver muita sinceridade, harmonia e paz. Paz para comemorar a vida e suas surpresas!!

quinta-feira, 18 de março de 2010

Novos moradores!


Depois de um longe tempo, voltei... outra hora conto a novela da instalação da Internet em casa. Agora vou contar sobre os cinco novos moradores. A Lola, nossa cachorrinha vira-lata, criou, veio com a surpresa de vir logo com cinco, três meninas e dois meninos. A Lola tem dois anos, já é adulta e mãe, posso dizer muito responsável e cuidadosa.
O período de gestação foi tranquilo, tirando nossa ansiedade em saber quantos viriam e qual o sexo dos pequenos. Passaram-se 60 dias, até que resolveram da a cara no novo mundo... como estava sozinha e resolveram nascer à luz do dia, tive que acompanhar tudo, já que eram só nós duas em casa.
O ser humano complica demais, a Lola quando começou a sentir os sinais de parto, tratou de ficar na cama, quieta.
Percebi o quanto os animais são ligado à natureza, nessa hora é nítida o relaxamento, a confiança naquilo que é natural.
Foi emocionante assistir o nascimento, em duas horas nasceram os cinco. As contrações vinham naturalmente, o nascimento acontecia no silêncio, silêncio comparado ao momento de descanso dos habitantes de uma floresta ou silêncio do fundo do mar. Ela cuidou de cortar o cordão umbilical, livra-los da bolsa, limpa-los do líquido e ensiná-los a se alimentar, pois assim que percebia que o pequenino estava bem, procurava uma tetinha e o encaminhava para mamar.
Emocionante, porque tudo transcorreu na mais perfeita integração animal-natureza, tudo foi em harmonia, em paz.
Agora estamos paparicando essas lindezas, são todos pretinhos com pequenos detalhes que os diferencia, começamos a ver que cada um tem uma particularidade, numa coisa todos são iguais: são famintos, pois mamam... mamam... mamam... ficamos por momentos admirando-os mesmo nos movimentos mais simples, é um verdadeiro encantamento!
Quero deixar registrado que a natureza é maravilhosa, deveríamos confiar mais nela, deveríamos deixar as coisas fluirem mais calmas, sem interferir e, sim, integrarmos, sermos mais naturais!