terça-feira, 7 de abril de 2009

Histórias da vida na fazenda

Lembram que já falei um pouco da minha infância na fazenda, ou melhor dizendo, no mato. Pois foi na época que meus pais estavam derrubando grandes árvores, tirando o habitat de muitas espécies de animais, lembro de pássaros que hoje se encontram em extinção, de outros que nem sei se existem, como o macuco, outros que não sei mais o nome...se tivesse a consciência que tenho hoje, não sei como seria??? bom, hoje não temos mais as grandes árvores reunidas formando grandes matas.
Voltando à vida ali naquele lugar, vou começar pela nossas manhãs, imaginem uma casa grande de madeira, com grandes quartos, sala grande e vazia, pois não tínhamos visitas de cerimonia, cozinha com fogão de lenha, uma pia sem torneira, pois não era água encanada e sim água do poço...banheiro dentro de casa, daquele chamado "tiradentes", onde voce põe água num balde, sobe com uma roldana e corda. Lembro que uma vez esse chuveiro caiu e cortou a testa da minha irmãzinha, foi o maior susto.
Nossos dias transcorriam na maior naturalidade daquela realidade. Sempre aparecia alguma coisa para fazer, tínhamos nossas tarefas, como por água para as galinhas, varrer o quintal, tratar dos animais, como os porcos, no final da tarde, catar os ovos, minha alegria era quando encontrava um ninho novo e, maior a alegria quando esse ninho estava com bastante ovos...hoje quando penso na alegria que tinha, vejo o quanto nossa vida era saudável, imaginem sentir alegria quando a galinha saía do ninho com uma penca de pintinhos, quando nascia cachorrinhos, quando a porca criava aquele monte de porquinhos, tinha de todas as cores, voces que nunca viram isso, não podem imaginar a beleza e alegria de ver esses animaizinhos tão pequenos sendo quase independentes.
Uma vez, não lembro mais como, mas sei que um bezerro ficou sem mãe, demos o nome de Tim, e cuidamos dele, agora voces conseguem imaginar um bezerro, sendo tratado como animal de estimação? e, ele se achando parte da família? nem passava pela cabeça dele que estava crescendo muito e, rápido...sem perceber, entrava em casa, escorregava no assoalho, era nosso animalzinho de estimação, enfim...chegou o tempo que o Tim precisou ir embora, imaginem a choradeira, foi de dias!!!
Meus pais não tinham tempo para acompanhar muitas dessas nossas proezas, a preocupação deles era em fazer a terra produzir para pagar o Banco, ah!!esse Banco quanto dinheiro ele levou de nós!!!
Nosso brinquedo certo era o balanço no quintal. Nem se imaginava que existisse brinquedos além das bonecas e carrinhos, brinquedos esperados pelo Papai Noel. Só sei que nesse ambiente vivi a mais pura aprendizagem natural, hoje defendida por alguns educadores norte-americanos.
Desejo que meus netos tenham pelo menos uns 20% dessa vida que tive, que possam ver uma galinha pondo um ovo, chocar esses ovos e assistam o nascimento dos pintinhos. Que possam semear, cuidar e colher alguns vegetais e frutas.
Que sejam amantes e cuidadores da natureza.

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